sábado, março 19, 2005

Ufa!

Quero casar com você
ou ter um filho seu
ou ir à Lua...
O que vier primeiro.
Porque você, às vezes,
meu amor,
complica...

Momentânea

Hoje eu gostaria
de um fenomenal excesso de palavras
para explicar o simples.

Porque café na mesa,
beijo,
abraço,
vinho e vela,
quando caem na vida
perdem valor.

Hoje eu gostaria
de um pouco de mesuras,
flores novas,
encontro na rua,
namoro de volta
na nossa rotina...

Porque preciso ter,
de novo,
meu amante
vespertino...

Constatação

Tua chave não está mais no meu chaveiro.
São essas bobagens que doem.

Orgulho

Chega.
Cansei de esperar
o telefone tocar.
Vou me arrumar,
me perfumar,
e vou pra tua porta
te esperar
pessoalmente.

Adolescente

Deixa eu ser tua menina,
de pipoca no cinema,
saia curta, cabelão...

Deixa..
Deixa meu tempo parado...

Nas brincadeiras do passado,
quero ser tua princesa,
pular corda,
passa anel...

Quero ser sempre a primeira namorada,
chegar as dez, despenteada,
culpando a condução...

E ter você, com meus cadernos caminhando,
pelo caminho mais longo,
como em eternos quinze anos...

terça-feira, março 15, 2005

Bagagem

Toda mulher carrega seus fardos.
Eu carrego o peso
dos meus longos cabelos,
dos brincos cintilantes,
dos meus pequenos seios,
da bolsa com seus recheios,
da roupa que cobre os pêlos,
dos pêlos,
dos saltos,
dos erros...
E no fim da noite ainda desejo
sobre meus pesos
teu peso...

Cor de Rosa

Quando nasci mulher, eu não sabia do fardo.
Fazer o quê, a gente nunca sabe...
Contudo, nunca maldisse a minha sina
por ter sido feita menina...

Carrego em mim como se fossem adornos
a necessidade e alento,
uma ligeira falsa santidade,
o mudar de idéia a todo momento...

Quando nasci mulher,
eu não sabia do peso da culpa,
do tempo,
de um homem sobre mim,
mas os carrego com graça
e sigo diariamente meus caminhos,
com passos muito leves,
escandalosamente femininos...

domingo, março 13, 2005

Desejo

Nessas noites quentes
tua falta grita
como um lamento
por chuva
ou vento.
E estaticamente
minha pele sua
longe da tua.

Castigo

Quisera poder te prender
como as palavras no papel.
E ver-te desbotar,
amarelar,
desintegrar,
numa gaveta esquecida.

Tua liberdade, no entanto,
é palavra ao vento
jamais escrita.
Eu te ouço como quem duvida,
e em lágrimas arrependidas
eu desboto,
amarelo,
desintegro,
no fundo de ti.

Na espera

Que me venha o poema,
esse amante incerto
de palavras fugidias,
versos desconexos.

Que me venha o poema,
esse amor antigo,
seu gosto de mel
falseando o veneno.

Ilumine minhas noites
e preencha meus dias
numa quarentena,
meu dono, o poema.

Pois cada rima é um beijo,
cada letra, um carinho
do meu amante incerto,
do meu amor antigo,
do amigo poema
que vive comigo.

terça-feira, março 08, 2005

Everest

Não me chame de amorzinho
que odeio diminutivos.
Quero ser sua paixão
ou nada.
Pode dizer que sou insuportável,
nunca chatinha.
Se é pra ser,
que eu seja o máximo.
De tudo.

segunda-feira, março 07, 2005

Engano

Pensei que as palavras
saíssem de mim,
mas elas me atravessam
como espadas.
As palavras são.
Eu não sou.
Estava enganada.

Pretensão

Não sorria como se soubesse...
Afinal eu nunca disse
quão meu preço é alto:
ainda que me desse tudo,
faltaria o dobro...