terça-feira, maio 31, 2005

Sua

Pra você o perfume,
o gesto, o traço,
o movimento das pernas,
o jeito de olhar as telas,
o abraço.
Pra você o beijo,
os peixes, os seixos,
o fogo do meu desejo,
o que você pede e eu deixo...
Pra você o som,
o sol, a pressa,
o riso cortando a conversa,
o sexo.
Pra você a mão,
a boca
e o resto...

Zen

Fico olhando você viver
sua vida longe de mim
e espero, tranqüila...
Porque sei que todas as noites
você virá assim...
Andando como se corresse,
correndo como se voasse,
voando como um passarinho
para o calor do meu ninho...

Paradoxo

Basta sentir
seu peso
para eu ficar
mais leve...

segunda-feira, maio 30, 2005

Par

A delícia do tempo
compartilhado...
Você contando histórias
e eu contando os minutos
até chegar
nossa hora...

Gênesis

Para ser feliz
inventei um mundo
onde é provável
o impossível.

Pra fazer você feliz
criei um mundo
onde o possível
é suficiente
e sobra...

domingo, maio 29, 2005

Querer

Não quero nada.
Nem mar,
nem Lua...
Deixa a luz das velas,
deixa a tinta nas telas...
Bloco, caneta, verso
por nada disso
me interesso...
Dia, noite, madrugada,
almoço, jantar ou café...
Não quero nada,
nem Deus...
Quero só o tempo que você
me deve,
uma hora, um minuto,
ainda que breve...
Deixo o resto do mundo
para os passarinhos...
O que eu quero?
Nós dois,
sozinhos...

Medo

Quero ser sua
pra descobrir que estou enganada...
Que não pode ser assim tão bom,
que você não é quem eu penso...
Quero ser sua
pra confirmar que é péssimo,
que somos errados juntos,
que somos falhos...
Quero ser sua
por todos os motivos
que me livrem desse desejo,
que me façam partir
sem me voltar...
Porque essa perfeição de alma,
esse jeito de corpo,
esse riso bobo,
tudo isso e mais
precisa terminar...
Não tem vida suficiente,
pra eu amar você,
se tudo isso for verdade...

sábado, maio 28, 2005

Lamento

Deixa o tempo passar...
Deixa o tempo...
Deixa...
Que uma hora
há de ser passado
esse nosso presente
desesperado
e sem futuro...
Deixa o tempo trabalhar
silencioso e constante
para acalmar nosso encontro
barulhento e eventual...
Deixa a vida correr...
Deixa a vida...
Deixa...
Que um dia desses,
uma noite dessas,
vamos parar de sonhar
nossos sonhos iguais,
para querer mais
realidade,
possibilidade,
paz...
Deixa tudo,
mas não me deixa...
Não agora...
Não ainda...
Ainda espero...
Vem...

Uso

Escuta...
A voz do meu desejo te chamando...
Vem...
Meu corpo não suporta roupa
quando te espero assim...
Olha...
O arrepio brotando na minha pele
e o suor brilhando...
Toca...
Minha boca machucada
de mordida que dei
desejando seu beijo...
Cura...
Essa dependência,
essa fome,
essa loucura...
Beija...
Meu seio, meu sexo, minha alma...
Toma...
O que é teu sem pedir,
me consome e vai embora...
Que agora eu preciso dormir...

Sob domínio

Ela estava parada na calçada.
Não esperava nada, exceto talvez um bendito táxi que a tirasse daquele friozinho inesperado e a levasse para o costumeiro frio de sua casa. Ergueu a cabeça para respirar porque ultimamente parecia que o ar era insuficiente, rarefeito como em grandes altitudes, o que era um paradoxo uma vez que a sensação era de estar num buraco fundo...
Foi no movimento lento de baixar a cabeça que ela o viu, parado do outro lado da rua, esperando um táxi, talvez? Não. Mais parecia que ele esperava que ela o visse, tal a maneira fixa como a encarava por sobre os carros parados no congestionamento da rua boêmia.
Ela queria desviar o olhar, condicionada por uma educação fora de época, queria erguer um escudo, uma muralha, uma fortaleza onde ficasse imune ao que pressentia no olhar dele. Não conseguiu. Ele, imóvel, apenas esperava.
Os olhos... Os olhos presos a ela, como se reféns do mesmo sentimento inexplicável. Como se fossem íntimos desconhecidos. Ao redor deles o burburinho aumentava com o avanço dos minutos. Algumas pessoas estranhavam a mulher parada, outras reclamavam passagem. Ela não percebia nada. Só sentia que a espera tinha terminado. Não queria mais o bendito táxi. Não sentia mais frio. Sentia a face quente como se febril.
Ele deu um passo para a rua. Buzinas. O passo firme o trouxe pela correnteza de carros. O olhar nela. E a rua sendo atravessada devagar. E os olhos nela, sempre.
O único movimento dela era aquele respirar sofrido, que fazia o peito subir e descer depressa. Via a aproximação dele indefesa, ou melhor, sem querer se defender. Poderia ter andado para longe. Poderia ter corrido. Gritado. Desaparecido na multidão. Não fez nada. Queria atravessar a metade da rua que faltava para estar com ele.
Perto. Tão perto ele estava que o perfume que usava invadiu os pulmões dela, e, de repente, o ar era bom de novo. Tão perto que o perfume dela arrepiou os pêlos dele. Eles se respiravam.
Os olhos deles agora se buscavam, querendo ver a alma. Ela viu o medo dele, que também era o dela. Ele viu a solidão dela, a mesma solidão que dormia com ele todas as noites.
Sem sequer notarem as mãos se tocaram, se enroscaram, se prenderam com força, os dedos ficando brancos, ligeiramente doloridos.
Ela abriu os lábios, como se fosse dizer algo. Ele engoliu em seco e sorriu. Ela não disse nada, ficou olhando aquele sorriso subir para os olhos dele, o que o fez parecer menino. E ela teve que sorrir também, um pouco tímida, um pouco moleca como há muito não se sentia.
E os dois deram o primeiro passo juntos. E o segundo... Sabiam para onde estavam indo, finalmente. O caminho brilhava com neon e desejo à frente deles.
Uma porta. Paredes. O barulho lá fora, distante. E dentro o barulho de beijos e roupas jogadas no chão naquele quarto simples, barato, testemunha de outros amores, alguns sinceros, outros pagos.
E o desejo vinha em ondas. O corpo dele vinha em ondas dentro dela. E o corpo dela o recebia com uma vontade que parecia não ter fim. E não tinha.
O prazer independia do gozo, mas o gozo veio. Entre gemidos e suor. E pele ardendo e lençol molhado. E corações batendo, batendo, batendo... O sangue pulsando nos ouvidos, um zunido...
Calmaria vindo. Respirar mais lento. Corpos unidos ainda, pernas trançadas. Cabelos espalhados. E um riso leve...
Os olhos dela dentro dos dele. Os dois sem perguntas, sem nome, sem pressa. Apenas a aceitação do destino. Talvez fossem dois carentes. Talvez fossem dois viciados. O único receio que tiveram foi serem feitos um para o outro. E eram.

sexta-feira, maio 27, 2005

Pão e Circo

Seu suor na minha pele
é tinta na tela
e seus dedos deslizam
criando formas,
sombras,
luzes...
Sou seu quadro.

Meu suor na sua pele
é água na terra
e meus dedos plantam
sementes de desejo,
mudas de sussurros,
sonhos...
Você é meu alimento.

Eu existo para sua contemplação.
Você existe para minha sobrevivência.

quinta-feira, maio 26, 2005

Eco

Algumas vezes preciso de música alta,
naquele volume de tremer paredes,
copos tilintarem no armário,
vizinho de cara feia por um mês...

Tenho vontade de correr, não andar;
de parar com esse sussurro
e enrouquecer de tanto grito;
de sair desse coma emocional
para morrer de paixão...

Preciso do exagero,
do excesso de loucura,
de chorar aos litros
porque tudo é tão bonito
que dói...

De vez em quando
tenho que chegar ao limite
e do limite passar sem medo,
os olhos fechados e o corpo aberto
para o orgasmo múltiplo que é a vida...

E o som bem alto, trovejando na sala,
porque tem noites chuvosas como essa,
em que preciso sangrar o tímpano
para escutar minha verdadeira voz...

Olhar

Hoje choveu
o dia inteiro...
O tempo está feio,
falaram alto...
Mas de que outro jeito,
esta noite,
teríamos estrelas
no asfalto?

quarta-feira, maio 25, 2005

Intervalo

Estou feliz demais para fazer poesia.
Meu verso ri,
a rima destoa,
à toa como eu...
As palavras dançam
diante de mim,
escorregam da caneta e
se espalham no papel,
em festa...
Então lanço ao vento minhas páginas
e meu corpo lanço, nu e leve,
nos seus braços...
Às vezes, desistir é a maior vitória...
Vamos deixar a poesia pra mais tarde...

terça-feira, maio 24, 2005

Via Embratel

Liga...

Por favor, eu preciso...
Quero você,
quero seus ouvidos
onde deposito meus gemidos,
o riso frouxo
e o pranto do gozo...
Estou perdendo meu pouco juízo...

Liga, meu amor, liga...

Dorme...

Quando amanhece e deixo sua cama,
levo comigo as olheiras que a noite me deu...
Enquanto você dorme ignorando o relógio,
conto os segundos até a próxima vez...
Assim é esse amor que partilhamos:
você sorri sonhando, os olhos fechados
e eu volto correndo para os seus agrados,
de olhos abertos, mas sem nada ver...

Etílica

Tomo um gole de vinho
e beijo sua boca.
Quem sabe assim
você se entrega
a minha embriaguez...

segunda-feira, maio 23, 2005

Chega

Não quero mais arder
na minha própria chama...
Nem o alívio
de minhas mãos
errantes...
Preciso do fogo
que existe nos teus olhos
e do teu corpo
dentro do meu...
Agora.
Ou antes...

domingo, maio 22, 2005

Repeat

A música começa
e termina...
Recomeça...
Outra vez...
Repete...
Nossos corpos,
íntimos...
Indo...
Vindo...
Indo...
Vindo...
Repete..
Amor...
Repete...

Amo.


(Toca, Pink Floyd...Mudmen... de novo...)

sábado, maio 21, 2005

Tântrico

Sou sua há horas,
dias, meses, eras...
Quem sabe o que é o tempo?
E o que importa?
Só sei que quando estamos juntos,
ele pára...

E, se nesse momento,
você pára dentro de mim
e espera,
sei que serei sua ainda
por eras, meses, dias, horas, sempre...
Vem, me dá um beijo, agora...

Paz

Não há poesia
que deixe mais bonito
o que existe entre nós.
Então largo tudo,
fecho os olhos
e ouço,
dentro de mim,
a sua voz.

sexta-feira, maio 20, 2005

quinta-feira, maio 19, 2005

Solo

Existem músicas
que entram
pelos poros.

Existem pessoas
que são como
essas músicas.

Em mim,
só toca solo
de você...

Amém

Benditas sejam todas as paixões...
As grandes, as loucas, as desenfreadas paixões
que vêm nunca se sabe de onde
nem quando...

Benditas as febres,
as mãos trêmulas,
as loucuras,
que atiram longe juízo, roupas e decoro...

Perdoada seja minha alma,
pois meu corpo está pleno de pecados
que não trazem culpa ou medo...

Bendito seja esse constante ceder
desnorteado,
e a calma com que aceito
o destino e o desatino...

Graças ao deus sorridente
que nos deu a mesma sina:
amor de alma,
paixão de cama
e vida.

Matiz

Lá fora um dia
cinza.
Cá dentro teu olho
marrom.
No meu peito amor
vermelho.
Na tua voz adeus
amarelo.
O ar me falta
azul.
A vida fica em
preto-e-branco.

quarta-feira, maio 18, 2005

Quimera

Eu sonho tuas mãos
em meus profundos becos,
tua boca nos meus labirintos,
minhas mãos enredando cabelos
e no seu corpo
o furor e a fome
da minha boca...

Sonho camas, mesas, escadas,
degraus onde sejam iguais
nossas alturas,
minhas pernas enroscadas,
teu braço na minha cintura...

Sonho água e uísque,
fumaça de cigarro
e teu sexo pronto
para a neblina
desse encontro...

Sonho beijo,
mordida e riso,
tenho nos dedos
o toque preciso
e o sexo aberto
pra tua retina...

De olhos abertos,
meu amor, eu sonho.

Gozo

O prazer
está escapando
por meus dedos
feito água,
então te bebo
em goles largos
e só te liberto
em lágrimas.

terça-feira, maio 17, 2005

Tocaia

A paixão me cerca por todos os lados...
Espreita, circula, lança em mim seu olhar direto.
A paixão não dissimula, não joga,
vem nua e sincera a meu encontro
e eu, sincera e nua, me entrego
de coração leve
e corpo aberto.

segunda-feira, maio 16, 2005

Nua

Você chegando,
a vida interrompendo
meu desesperado desejo,
sua esperada cumplicidade
colocando asas nas pontas
dos meus dedos...
O tempo voando, voando...
e minhas rendas
esquecidas no chão...

Gueixa

Tem uma eternidade
entre sua última
e sua próxima
palavra.

Tudo bem.
Eu espero.

Fala...

Sua voz é linda.
Tem um jeito ritmado
de falar as palavras
como se elas tivessem
um sabor secreto,
quando ditas assim, de leve,
para não arranhar as sílabas
que passam por seus lábios...

Sua voz tem sorriso.
As palavras vêm abertas como bandeiras,
alegres,
coloridas,
brasileiras...
Sua voz é feliz como
pipa no céu...

Sua voz é macia
como pluma de passarinho,
sussurra coisas que eu não acredito
e ilumina meus olhos de desejos...

Só a magia da sua voz
tem o poder de provocar
essa minha inexplicável
mudez...

Nau

A voz do teu desejo
orienta minha mão
em cada movimento...

A voz do meu desejo
acende teu corpo,
onde me lanço sempre.

Depois, no escuro,
a brasa do teu cigarro brilha,
farol que me guia
até o porto da tua boca...

domingo, maio 15, 2005

Banho-maria

Uma palavra por dia
alimenta o fogo
que me derrete
em chama lenta...

Um beijo por dia
atiça a brasa
que marca em meu corpo
o segredo do seu...

Depois,
a água do banho resfria a pele,
lava a lágrima,
o suor e o sêmen,
mas conserva o cheiro,
até que novamente,
você me queime...

Doce

No meu jardim de outono,
sob a paixão ensolarada,
as flores da primavera
se tornam frutos inchados,
que adoçam tua boca...

sábado, maio 14, 2005

Passatempo

Você me pediu
que não falasse mais de ..........,
porque falar de ..........
cria laços,
nós emaranhados
como nós.

Só que não falar de ..........,
não pensar em ..........,
não impede que o .......... surja,
de repente,
dentro da gente.

Essa palavra não dita
flutua sorridente,
pousa nos seus lábios,
faz cócegas no meu ouvido,
ecoa no meu coração.

O eu te .......... proibido,
não escrito, não falado
entrego em beijos,
em sorrisos, em afagos
e nesse jogo de criança
de completar os pontilhados.

(ouvindo Frejat... "Eu não sei dizer te amo")

sexta-feira, maio 13, 2005

Moto-contínuo

Meu desejo
não tem memória:
uma vez saciado,
esquece e retorna...

Em claro

Amo a madrugada silenciosa
que junta meu verso a tua prosa,
teu passo firme e a minha dança,
a distância que nos separa
e o desejo que nos entrosa...

Amo a madrugada que nos cobre
e une minha fome a tua fome,
minha palavra a teu sorriso,
tua carícia aos meus gemidos,
teu vinho transbordando minha taça...

Amo a madrugada,
quando livre de roupas e pudores,
deito em tua cama,
bebo teus sabores
e de olhos abertos,
apaixonados,
eu me sinto
tua amada...

quinta-feira, maio 12, 2005

Cio

Meu passo segue o ritmo
da tua música
no meu ouvido.

Meu corpo exala o cheiro
do teu amor
impossível.

O destino que te trouxe
a minha porta
é o mesmo
que vai me colocar
a teus pés...

Vem

Vem...

Rasga minha roupa
e minha lucidez,
marca minha pele de beijos,
eriça meus pêlos...

Agora...

Dobra minha vontade,
dobra meus joelhos,
que sou escrava
do teu desejo...

Vem...

Olha nos meus olhos,
puxa meus cabelos,
estou sempre pronta
para os teus apelos...

Assim...

Vem depressa,
estou te esperando,
infinitamente,
dentro de mim...

Vem!

quarta-feira, maio 11, 2005

Medieval

Há eras te carrego
suspenso qual espada
sobre o coração...

Um respirar mais fundo,
um suspiro mais sentido,
um passo em falso
e me atravessas...

Não importa...
A espada que me fere
é a mesma que me defende
de amores menos nobres...

Tua é a lembrança
que me mantém pura
e me sustenta
quando mergulho
em águas turvas...

terça-feira, maio 10, 2005

Momentum

Tem um arrepio novo
na minha pele,
um sorriso bobo
na minha boca
e sinto um amor louco
pela paixão recém-nascida,
contra a qual meu corpo
não tem defesa...

Tem um poema novo
na minha cabeça,
um frio de pólo
na minha barriga
e sinto uma paixão louca
pelo amor proibido,
que põe cor em cada verso
da minha poesia...

No balcão de Julieta

Vamos deixar assim:
não quero teu nome,
endereço, telefone,
não quero nada de ti
além da fome...

Vamos fazer assim:
cubro teu corpo de beijos,
cumpro cada desejo,
inconfessável que seja,
sacio a sede...

Vamos viver assim:
enquanto valer a pena,
meu nome, tua mulher,
meu homem será teu nome...

Pêndulo

Entre palavras e silêncios
nos movemos,
cuidadosamente.

Entre pausas e movimentos
nos amamos,
apaixonadamente.

Entre verdades e mentiras
nos olhamos,
curiosamente.

Entre o sim e o não
a brecha do talvez
nos devora,
inevitavelmente.

domingo, maio 08, 2005

Naval

Meu amor é âncora
e não me afasto de ti...

Teu desamor é vento
me forçando a partir...

Minha vida
é corrente que resiste,
esticada até o limite...

sábado, maio 07, 2005

Meia ponta

Eu me equilibro
na borda do dia
quando quase todos
dormem.

E danço levemente
na borda da poesia
quando quase todos
tremem.

E beijo tua boca
na borda do copo
quando quase todas
negam.

A beira do abismo
é o ponto mais seguro
quando quase todos
cercam.

Teu olhar no meu olhar
é meu desejo mais forte
quando chega minha hora
e salto.

sexta-feira, maio 06, 2005

Meu

Sei que teu amor
não foi a primeira vista...
Talvez nem mesmo a segunda...
Teu amor só aconteceu
quando fechaste
os olhos...

Química física

Tempo
que passa,
envelhece,
enruga,
branqueia.

Distância
que silencia,
impossibilita,
diminui.

Temperatura
de febre no corpo,
de frio lá fora,
de gelo no copo.

Foi muita pressão,
meu amor,
espera a explosão...

Fuga

Fechei a porta tão rápido
que minha alma
ficou trancada
no teu quarto...

Herança

De você,
nem foto,
nem carta:
apenas
falta.