quarta-feira, abril 20, 2005

Antes das seis

Os amores clandestinos são protegidos
pelos horários estranhos,
pelas janelas fechadas,
por nomes sem sobrenomes,
por códigos telefônicos...

São amores de meio de tarde,
de rendas novas,
serviço de quarto
e sonhos não partilhados,
última refeiçao do condenado...

Os amores escondidos têm o dom
de fazer o dia mais longo
para uma história caber
em outra história,
a vida ser duplicada...

Quando termina o prazo
de um amor proibido,
ele não consta na folha
corrida da nossa vida,
só fica na pele para sempre
um inexplicável arrepio...

Um comentário:

Anônimo disse...

Maria, que poema mais lindo e tão real. Parece que cada um de nós tem o seu lado de armário fechado e inviolável. Parece que viver assim é viver na corda bamba da vida, como palhaço, como ator de uma cena antiga. Será que há poesia na clandesnidade? Parece que sim, vc extraiu muito bem. Bom que estás assinando os seus maravilhosos tesouros. Parabéns, moça. Obrigada pelo link. Muito obrigada. Fico muito agradecida.
Dira
(voando)